Objetivo – Este estudo analisa criticamente as conexões estabelecidas entre o turismo sexual e a “síndrome do turista”, proposta por Zygmunt Bauman, destacando interseções e refletindo sobre implicações no campo do turismo contemporâneo.
Desenho/metodologia/abordagem – Foi adotado um viés exploratório-descritivo, de abordagem qualitativa e interpretativista. Empregou-se como técnica a pesquisa bibliográfica, com seleção criteriosa de artigos científicos em bases internacionais (Web of Science), priorizando os mais citados e recentes, além de obras de referência de Bauman. A análise concentrou-se em categorias como transitoriedade, consumo de sensações, anonimato e alteridade, possibilitando correlações entre o fenômeno social comumente denominado turismo sexual (construto discursivo criticamente problematizado no texto) e a “síndrome do turista”.
Resultados – Os achados revelam que ambos os conceitos compartilham elementos estruturantes, como: efemeridade das relações, mercantilização de corpos e lugares, desigualdade social e fragilização da alteridade. O cruzamento das categorias evidenciou que a lógica de consumo da modernidade líquida sustenta tanto a superficialidade dos vínculos turísticos quanto práticas de exploração sexual.
Implicações práticas – Os resultados ampliam o debate sobre políticas públicas, regulação e prevenção da exploração sexual no turismo, especialmente no enfrentamento de crimes como tráfico de pessoas e exploração de crianças e adolescentes. Também oferecem subsídios iniciais para formulação de estratégias voltadas à promoção de um turismo ético e responsável em relação às culturas locais.
Originalidade/valor – O artigo avança ao utilizar a “síndrome do turista” como lente teórica inédita para compreender criticamente o que se convencionou tratar como turismo sexual, deslocando o debate além das explicações tradicionais e propondo novas perspectivas para o turismo crítico.
Limitações da pesquisa – A ausência de dados empíricos restringe a generalização dos resultados, embora não comprometa sua relevância analítica. Recomenda-se que pesquisas futuras integrem abordagens empíricas e comparativas.
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