UMA PERSPECTIVA CÉTICA QUANTO AO VALOR ABSOLUTO DOS DIREITOS HUMANOS
DOI:
https://doi.org/10.14210/nej.v23n1.p278-302Palavras-chave:
Direitos humanos, Direitos morais, Direitos naturais, Universal, Absoluto.Resumo
O presente trabalho aponta para uma das teses mais confusas acerca da fundamentação dos direitos humanos, que consiste na afirmação de que esses direitos são direitos morais a priori e universais, isto é, são direitos absolutos. Mas o que significa dizer que os direitos humanos são absolutos? Segundo os programas tradicionais de fundamentação, os direitos humanos seriam direitos inatos à natureza humana e válidos para toda humanidade, independente de sua existência como direito positivo dentro de um ordenamento jurídico. A afirmação da universalidade dos direitos humanos tem suas raízes tanto no discurso moderno do direito natural quanto no discurso kantiano do valor absoluto. Em ambos os projetos, verifica-se uma metodologia que deduz direitos a partir de uma base metafísica segundo a qual os direitos humanos “devem ser” universais e válidos para todos os seres racionais. Como alternativa a esse tipo de leitura metafísica, o presente artigo propõe uma abordagem cética dos direitos, segundo a qual não há justificativa racional para dizer quais devem ser os direitos humanos. A partir de uma metodologia descritivista, pretende-se destacar que, em uma investigação filosófica sobre os direitos humanos, não se pode mais do que descrever o modo como as pessoas e os movimentos de cunho social, moral e político nomeiam aqueles direitos que consideram humanos.Downloads
Referências
ANSCOMBE, G. E. M. Modern Moral Philosophy. Philosophy, v. 33, n. 124, p. 1–19, jan. 1958. Disponível em: < http://www.jstor.org/stable/3749051>. Acesso em: 21 maio 2012.
BAIER, Annette. Moral prejudices: essays on ethics. Cambride, Massachusettes: Harvard University Press, 1994. 369p.
BEITZ, Charles. What human rights mean. daedalus, On International Justice, v. 132, n. 1, p. 36–46, winter 2003. Disponível em: <http://www.jstor.org/stable/20027821>. Acesso em: 12 jun. 2012.
BLUMENSON, Eric. Mapping the limits of skepticism in law and morals. texas law review, v. 74, n. 3, p. 523–576, fev. 1996. Disponível em: <http://heinonline.org/HOL/Print?handle=hein. journals/tlr74&div=32&collection=journals&set_as_cursor=6&men_tab=srchresults>. Acesso em: 19 maio 2012.
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Tradução de Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
BROWN, Stuart M. Inalienable Rights. the Philosophical Review, v. 64, n. 2, p. 192–211, abr. 1955. Disponível em: <http://www.jstor.org/stable/2182587>. Acesso em: 18 maio 2012.
CAMPBELL, Tom; EWING, Keith; TOMKINS, Adam. Sceptical essays on Human Rights. New York: Oxford University Press, 2001. 423p.
CRANSTON, Maurice. What are human rights? London: Bodley Head, 1973. 170 p. DONNELLY, Jack. Universal human rights in theory and in practice. 3. ed. Ithaca: Cornell
University Press, 2013. 320p.
FEINBERG, Joel. Duties, rights, and claims. American Philosophical Quarterly, v. 3, n. 2, p. 137-144, abr. 1966. Disponível em: <http://www.jstor.org/stable/20009200>. Acesso em: 16 mar. 2012.
The nature and value of rights. Journal of Value Inquiry, v. 4, p. 243–257, winter 1970. Disponível em: <http://www.law.georgetown.edu/faculty/lpw/documents/ FeinbergNatureandValueofRightsexcerpt.pdf>. Acesso em: 13 mar. 2012.
Filosofia social. Tradução de Alzira Soares da Rocha e Helena Maria Camacho. Rio de Janeiro: Zahar, 1974. 178p. In Defense of Moral Rights. Oxford Journal of Legal Studies, Oxford, v. 12, n. 2, p. 149-169, 1992. Disponível em: < http://ojls.oxfordjournals.org/content/12/2/149.citation >. Acesso em: 17 mar. 2012.
FINNIS, John. 1980. Lei natural e direitos naturais. São Leopoldo: Unisinos, 2007. 403p. FRANKENA, William K. Natural and inalienable rights. The Philosophical Review, v. 64, n. 2, p.
–232, abr. 1955. Disponível em: <http://www.jstor.org/stable/2182588>. Acesso em: 30 mar. 2012.
GEWIRTH, Alan. Are there any absolute rights? The Philosophical Quarterly, Blackwell Publishing, Oxford/Malden, v. 31, n. 122, p. 1–16, jan. 1981. Disponível em: <http://www.jstor.org/stable/2218674>. Acesso em: 29 mar. 2012.
HART, Herbert Lionel Alphonsus. 1955. Are There Any Natural Rights? The Philosophical Review, Duke University Press, v. 64, n. 2, p. 175–191, abr. 1955. Disponível em: <http://www.jstor.org/ stable/2182586>. Acesso em: 12 fev. 2012.
O conceito de direito. São Paulo: Martins Fontes, 2009. 399p. JONES, Peter. Rights: issues in political theory. Hampshire: Palgrave/Macmillan Press, 1994. 258p.
KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. Tradução de Paulo Quintela. São Paulo: Abril Cultural, 1974. p. 195 – 256 (Os Pensadores)
LEITER, Brian. Legal realism and legal positivism reconsidered. Ethics, v. 111, n. 2, p. 278–301, jan. 2001a. Disponível em: <http://www.jstor.org/stable/10.1086/233474>. Acesso em: 20 dez. 2011.
Legal realism, hard positivism, and the limits of conceptual analysis. In: COLEMAN, J.L. (Ed.). The Postscript: essays on Hart’s postscript to the concept of law. Oxford: Clarendon Press, 2001b.
MACDONALD, Margaret. Natural Rights. Proceedings of the Aristotelian Society, New Series, v. 47, p. 225–250, 1946–1947. Disponível em: <http://www.jstor.org/stable/4544427>. Acesso em: 6 jun. 2012.
MACKIE, John Leslie. Ethics: inventing right and wrong. Harmondsworth: Penguin, 1990. 249p.
NIELSEN, Kai. Naturalism without foundations. New York: Prometheus Books, 1996. 607p.
Scepticism and human rights. Monist, v. 52, n. 4, p. 573–594, out. 1968.
NINO, Carlos Santiago. Ética y derechos humanos: un ensayo de fundamentación. Barcelona: Ariel, 1989. 494p.
RABOSSI, Eduardo. La teoría de los derechos humanos naturalizada. Tradução de Matilde Vivancos Machimbarrena. Revista del Centro de Estudios Constitucionales, Madrid, n. 5, p.159–175, jan.- mar. 1990. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/68557384/Rabossi-La-Teoria-de-Los-Derechos- Humanos-Naturalizada>. Acesso em: 23 fev. 2012.
RITCHIE, David George. Natural rights: a criticism of some political and ethical conceptions. Bristol: Thoemmes Press, 1998. 304p.
STRAUSS, Leo. Natural rights and history: a cogent examination of one of the most significant issues in modern political and social philosophy. Chicago / London: The University of Chicago Press, 1965. 326p.
STRAWSON, Peter Frederick. Ceticismo e naturalismo: algumas variedades. São Leopoldo: Unisinos, 2008. 114 p.
TUGENDHAT, Ernst. Lições sobre ética. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 2003. VLASTOS, Gregory. Justice and equality. In: BRANDT, Richard B. Social Justice. Englewood Cliffs,
NJ: Prentice-Hall, 1962. p. 31–72.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Na qualidade de autor(es) da colaboração, original e inédita, sobre o qual me(nos) responsabilizo(amos) civil e penalmente pelo seu conteúdo, após ter lido as diretrizes para autores, concordado(amos) plenamente com as Políticas Editorias da Revista Novos Estudos Jurídicos - NEJ e autorizo(amos) a publicação na rede mundial de computadores (Internet), permitindo, também, que sua linguagem possa ser reformulada, caso seja necessário, sem que me(nos) seja devido qualquer pagamento a título de direitos autorais, podendo qualquer interessado acessá-lo e/ou reproduzi-lo mediante download, desde que a reprodução e/ou publicação obedeçam as normas da ABNT e tenham a finalidade exclusiva de uso por quem a consulta a título de divulgação da produção acadêmico científico.