• Resumo

    As Tecnologias de Gestão Colaborativa no Brasil: Subversão ou modismo?

    Data de publicação: 29/07/2024

    O presente artigo teve como objetivo investigar quais racionalidades e motivações permeiam as trajetórias de vida dos indivíduos que promovem, aplicam e ensinam  tecnologias de gestão colaborativa no Brasil. À luz da teoria crítica da tecnologia de Feenberg (2002), buscamos analisar se a aplicação e a disseminação das tecnologias de gestão colaborativa têm sido orientadas pela racionalidade subversiva, o que indicaria um fator de diferenciação destas tecnologias com relação a meros modismos gerenciais (CALDAS; TONELLI, 2000). Foram estudadas três tecnologias: a Teoria U (SCHARMER, 2010), o Dragon Dreaming (CROFT, 2009) e a Sociocracia (BUCK; VILLINES, 2007). Foram entrevistados quinze indivíduos que aplicam, promovem e ensinam essas tecnologias, por meio de entrevistas semi-estruturadas. O material coletado foi analisado por meio da Análise de Discurso (AD). Ao final da pesquisa, concluímos que as tecnologias de gestão colaborativa podem ser consideradas subversões à lógica dos modismos gerenciais. A grande maioria dos entrevistados possui uma trajetória de vida diferente do convencional, dedicando-se vocacionalmente à disseminação das tecnologias, entendendo-as como um serviço a toda a sociedade, apesar da falta de legitimação social e retorno financeiro satisfatório.

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Revista Brasileira de Tecnologias Sociais, Volume 12, Número 1 - Janeiro a Junho de 2025

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