O presente artigo problematiza a não presença da literatura na escrita acadêmica em pesquisas, especialmente em dissertações e teses. O que se verifica é o silenciamento da literatura, pois se percebe sua utilização apenas como fragmentos poéticos na forma de epígrafes. Esse silenciamento se dá especialmente pelas políticas de linguagem estabelecidas para o registro e legitimação da produção de conhecimento. Portanto, o objetivo deste artigo é evidenciar que a literatura é uma escolha de escrita e uma experiência que afeta o pesquisador e a própria pesquisa, enquanto se lê, se escreve e se vive. De abordagem qualitativa, o referido texto debruça-se na leitura bibliográfica, dialogando com vários autores/pesquisadores que pensam a literatura como experiência. Dessa forma, a escrita e a leitura apropriadas para este artigo se traduzem em uma escrita ensaiada, uma vez que não se compreende apenas como registro de um conhecimento construído, mas, sobretudo, como experiência que atravessa as problematizações da pesquisa. Com o resultado desse estudo investigativo, pretende-se fortalecer o diálogo para outras possibilidades, entre elas, que a literatura ganhe maior espaço nas políticas de linguagem do mundo acadêmico para além do seu caráter ilustrativo, configurando-se também em conteúdo. Compreende-se, então, que a pesquisa em educação na sua dimensão qualitativa pode também abrigar outros sentidos, significados e experiências, tanto do pesquisador quanto dos seus interlocutores.
A CONTRAPONTOS é uma publicação reconhecida pela área da Educação, seriada, arbitrada e dirigida prioritariamente a uma comunidade acadêmico-científica. Vem circulando nacionalmente desde 2001.