A INTENSIFICAÇÃO DE ALTERAÇÕES CONSTITUCIONAIS: A COMPARAÇÃO DE CONCEPÇÕES E MODELOS ENTRE BRASIL E ITÁLIA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14210/nej.v28n3.p554-584

Palavras-chave:

direito comparado, Brasil e Itália, Alterações Constitucionais

Resumo

Contextualização: O índice de alterações de constituições nacionais por ano tem crescido desde 1950. No Brasil, observa-se o crescimento do índice de alteração constitucional, desde a década de 1930. Na Itália, a frequência da legislação ordinária em contraste com o Estatuto Albertino também se fez sentir antes do marco mundial. A anterioridade aos índices mundiais, bem como as dinâmicas políticas sensivelmente diversas fomentam a análise das concepções de constituição e de suas alterações formais, no Brasil e na Itália, visto que a dinâmica, a frequência e o conteúdo das alterações não se justificam apenas pela longevidade e pela extensão dos textos de natureza constitucional.

Objetivo: Verificar se as alterações constitucionais refletem concepções constitucionais com reminiscências de regimes autoritários do século XX.

Método: A análise das experiências constitucionais é realizada em perspectiva histórica e de direito comparado, com a análise de fontes empíricas.

Resultados: Da pesquisa colhe-se que as práticas de alterações aos textos de natureza constitucional, no Brasil e na Itália, constam de reminiscências da concepção de constituição (e de suas alterações), sob regimes autoritários, durante o século XX.

Biografia do Autor

Carlo Calvieri, Università degli Studi di Perugia

Doutor em Ricerca in Diritto Pubblico. Professor titular de Direito Constitucional e Direito Econômico Público na Universidade de Perugia. Professor dos Cursos de Doutorado e Mestrado em Ciência Jurídica da UNIPG. Perugia – Itália. E-mail: carlo.calvieri@unipg.it.

Clovis Demarchi, Universidade do Vale do Itajaí

Doutor  e  Mestre  em  Ciência  Jurídica  pela  Universidade  do  Vale  do  Itajaí.  Professor  na graduação   em   Direito   e   no   Curso   de   Doutorado   e   Mestrado   em   Ciência   Jurídica   da UNIVALI/Brasil.  Líder  do  grupo  de  pesquisa  em  Direito  Educacional  e  Normas  Técnicas  e membro    do    grupo    de    pesquisa    em    Direito,    Constituição    e    Jurisdição. Lattes: http://lattes.cnpq.br/9819761828844957. ORCID ID:  https://orcid.org/0000-0003-0853-0818. Endereço eletrônico: demarchi@univali.br..

Luciene Dal Ri, Universidade do Vale do Itajaí

Doutora em Direito pela Università degli Studi di Roma La Sapienza (2009) e Mestre em Estudos Medievais pela Pontificia Università Antonianum (2006). Professora no Programa de Mestrado e Doutorado em Ciência Jurídica e no Curso de Mestrado Profissional Internacional Conjunto em Direito das Migrações Transnacionais, da Universidade do Vale do Itajaí e da Università degli Studi di Perugia (Itália). E-mail: luciene.dalri@univali.br.

Referências

ARANTES, R. B.; COUTO, C. G. A Constituição sem fim. In: DINIZ, S.; PRAÇA, S. (Orgs.). Vinte anos de Constituição. São Paulo: Paulus, 2008.

ARANTES, R. B.; COUTO, C. G. Construção Democrática e Modelos de Constituição. Dados Revista de Ciências Sociais, v. 53, n. 3, 2010.

ARANTES, R. B.; COUTO, C. G. 1988-2018: Trinta anos de constitucionalização permanente. In: MENEZES FILHO, N.; SOUZA, A. P. (Orgs.). A Carta. Para entender a Constituição brasileira. São Paulo: Todavia, 2019.

BALEEIRO, A: Constituições Brasileiras. 3. ed., v. 2. Brasília: Senado Federal, 2012.

BALEEIRO, A.; LIMA SOBRINHO, B: Constituições Brasileiras. 3. ed., v. 5. Brasília: Senado Federal, 2012.

BARBOSA, L. A. A. Mudança constitucional, autoritarismo e democracia no Brasil pós-1964. 2009. Tese de doutoramento, Universidade de Brasília - UNB. Disponível em: https://repositorio.unb.br/handle/10482/4075. Acesso em: 20 mar. 2022.

BONAVIDES, P. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Editores Malheiros, 2003.

BRASIL. Constituição. Lex: Constituição Política do Império do Brazil, de 25 de março de 1824. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao24.htm.

BRASIL. Constituição. Lex: Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Senado Federal. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.

BRITTO, C. A. O problema da vigência dos atos complementares posteriores à edição do AI-5. Revista de Direito Processual Geral, n. 32, p. 1–18, 1977.

BRYCE, J. Flexible and Rigid Constitutions. In: BRYCE, J. Studies in History and Jurisprudence. Vol. I. Oxford: The Clarendon Press, 1901.

CALAMANDREI, P. La Constituzione e la legge per attuarla. In: AA. VV. Dieci anni dopo, Saggi sulla vita politica italiana 1945 – 1955. Bari: Laterza, 1955.

CASSESE, S. Il Governo dei giudici. Bari: Laterza, 2022.

CAZZETTA, G.; BRUNELLI, I. In: BIROCCHI, I. et al. (Orgs.). Dizionario biografico dei giuristi italiani. Bologna: Il Mulino, 2013.

COUTO, C. G.; ARANTES, R. B. Constituição, Governo e Democracia no Brasil. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 21, n. 61, p. 41–62, jun. 2006.

DAL RI, L.; SCHMIDT, F. A construção dos direitos fundamentais no Brasil: entre Constituições estrangeiras e Direito Internacional. Revista Justiça do Direito, v. 33, n. 3, p. 139-164, 2019.

DAL RI, L. Compromisso internacional ou constitucionalismo? A construção de direitos ao nacional e ao estrangeiro no Brasil. In: FIGUEIREDO, Carlos Eduardo et. al. (Orgs.). Direito constitucional luso e brasileiro no âmbito da pacificação social. Porto: Juruá, 2020.

DAL RI, L.; DEMARCHI, C. As práticas luso-brasileiras de alteração constitucional: reminiscências de regimes autoritários? In: FIGUEIREDO, Carlos Eduardo et. al. (Orgs.). Direito constitucional luso e brasileiro. Curitiba: Juruá, 2022.

DE MARTINO, F. R. La revisione della revisione. Modificabilità e derogabilità dell'articolo 138. Rivista del Gruppo di Pisa, Catanzaro, n. 8, junho 2018. Disponível em: https://www.gruppodipisa.it/images/rivista/pdf/Francesco_Raffaello_De_Martino_-_La_revisione_della_revisione.pdf.

ELKINS, Z.; GINSBURG, T.; MELTON, J. The endurance of national constitutions. Cambridge: Cambridge University Press, 2009.

FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2013.

FERRARI, F. Studio sulla rigidità costituzionale, dalle chartes francesi al Political constitutionalism. Diritto Pubblico, 2011.

GINSBURG, T.; MELTON, J. Does the Constitutional Amendment Rule Matter at All? Amendment Cultures and the Challenges of Measuring Amendment Diffculty. Coase-Sandor Institute for Law & Economics, n. 682, 2014.

HELLER, H. Dottrina dello Stato, 1988.

JEFFERSON, T. Carta de Thomas Jefferson para James Madison, 06 de setembro de 1789. In: The Papers of Thomas Jefferson. Volume 15: 27 March 1789 to 30 November 1789. Princeton University Press, 1958. Disponível em: https://jeffersonpapers.princeton.edu/selected-documents/thomas-jefferson-james-madison#notes6a.

JEFFERSON, T. Proposals to revise the Virginia Constitution: I. Thomas Jefferson to “Henry Tompkinson” (Samuel Kercheval), 12 July 1816. In: Founders Online, National Archives. Disponível em: https://founders.archives.gov/documents/jefferson/03-10-02-0128-0002.

JELLINEK, G. Mutuamento e riforma constituzionale. Lecce: Pensa Editore, 2004.

KELSEN, H. Lineamenti di dottrina pura del diritto. Torino: Einaudi, 1991.

LABAND, P. Il diritto pubblico dell’Impero Germanico, Torino: Unione Tipografico-editrice Torinese, 1914.

LUCIANI, M. Quattordici argomenti contro l’invocazione del potere costituente. Democrazia e diritto, n. 3-4, p. 97-107, 1996.

LUCIANI, M. Dottrina del moto delle costituzioni e vicende della costituzione repubblicana. Rivista AIC, n. 1, marzo 2013.

MIGLIO, G. Verso una nuova Costituzione. Milano: Giuffrè, 1983.

MORTATI, C. La Costituzione in senso materiale. Ristampa, Milano: Giuffrè, 1998.

NEVES, M. A constitucionalização simbólica. São Paulo: Ed. Acadêmica, 1994.

NEVES, M. Constituição e Direito na modernidade periférica: uma abordagem teórica e uma interpretação do caso brasileiro. São Paulo: WMF, 2018.

PACE, A. Potere costituente, rigidità costituzionale, autovincoli legislativi. Padova: Cedam, 2002.

PAINE, T. Rights of Man. Roma: Dover Publications, 1978.

PAINE, T. Rights of Man. Roma: Dover Publications, 1999.

POLETTI, R.. Constituições Brasileiras. 3a ed. Brasília: Senado Federal, 2012.

RACIOPPI, F.; BRUNELLI, I. Commento allo Statuto del Regno. Torino: Unione Tipografico-Editrice Torinese, 1909.

RESCIGNO, G. U. Interpretazione e Costituzione. Diritto Pubblico, 2011.

ROCOO, A. La trasformazione dello Stato. Dallo Stato liberale allo Stato fascista. Roma: La voce, 1927.

SCHMITT, C. Il nomos della terra, nel diritto internazionale dello jus publicum europeaum. Milano: Adelphi, 1991.

SEYÈS, E. J. Che cos’è il Terzo Stato. Roma: Editori Riuniti Univ. Press, 1992.

SOUTO MAIOR, A. História do Brasil. 6ª ed. São Paulo: Editora Nacional, 1968.

STRONATI, M. In: RACIOPPI, Francisco Dizionario biografico degli Italiani, vol. 86. Roma: Istituto dell’Enciclopedia Italiana, 2016.

TILLY, C. Vocábulo Conflitto. Enciclopedia delle Scienze Sociali. Roma: Treccani, 1992.

ZAGREBELSKY, G.; MARCENÓ, V.; PALLANTE, F. Lineamenti di Diritto constituzionale. 3ª ed. Città di Castello: Le Monnier, 2019.

Downloads

Publicado

2024-03-05

Como Citar

CALVIERI, C.; DEMARCHI, C.; DAL RI, L. A INTENSIFICAÇÃO DE ALTERAÇÕES CONSTITUCIONAIS: A COMPARAÇÃO DE CONCEPÇÕES E MODELOS ENTRE BRASIL E ITÁLIA. Novos Estudos Jurí­dicos, Itajaí­ (SC), v. 28, n. 3, p. 554–584, 2024. DOI: 10.14210/nej.v28n3.p554-584. Disponível em: https://periodicos.univali.br/index.php/nej/article/view/19955. Acesso em: 27 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos