TECNOLOGIAS DE RECONHECIMENTO FACIAL: O RACISMO ALGORÍTMICO COMO INSTRUMENTO DE POLÍTICA DE SEGURANÇA PÚBLICA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14210/rdp.v20n1.p202-209

Palavras-chave:

Bahia, Direitos humanos, Grupos marginalizados, Racismo, Reconhecimento facial

Resumo

Contextualização: Com a deslegitimação científica do racismo, a inferioridade cultural tornou-se a principal justificativa para o tratamento desigual. Em democracias liberais, nas quais a igualdade é formalmente garantida, podem-se exigir políticas corretivas para grupos estigmatizados, como as populações negras. O avanço das tecnologias de IA trouxe consigo o fenômeno do racismo algorítmico, que não apenas reproduz, mas intensifica preconceitos existentes. As Tecnologias de Reconhecimento Facial (TRF), amplamente adotadas no Brasil, mostram taxas de erro mais altas para minorias raciais, levantando preocupações sobre a eficácia dessas tecnologias e a violação dos direitos humanos.

Objetivos: Nesse contexto, o presente trabalho tem como objetivo principal demonstrar que tais tecnologias podem servir como veículos para a manutenção do racismo e sua ampla adoção pelas forças de segurança pública em diversos estados brasileiros perpetua um histórico de violações de direitos humanos contra grupos minoritários.

Metodologia: Como método de procedimento, faz-se uso de pesquisa bibliográfica e documental, recorrendo-se a artigos, livros, matérias jornalísticas e websites. Assim, o estudo a ser conduzido neste trabalho tem um caráter qualitativo quanto à sua abordagem, pois incluirá como um dos seus métodos principais a exposição do uso dos algoritmos de reconhecimento facial como fator de perpetuação do racismo.

Resultados: Verificou-se que as inteligências artificiais podem disseminar racismo e sua ampla adoção pelas forças de segurança pública no Brasil perpetua violações dos direitos humanos contra vulneráveis.

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Biografia do Autor

José Antonio Caldeira de Almeida, Universidade Tiradentes

Mestrando em Direitos Humanos pela Universidade Tiradentes. Graduado em Direito pela Universidade Tiradentes. MBA em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da Universidade de São Paulo - USP. Graduado em Ciência da Computação pela Universidade Católica de Santos. Revisor de publicações da Revista INTERFACES CIENTÍFICAS - HUMANAS E SOCIAIS. Membro do Grupo de Pesquisa Direito Público, Educação Jurídica e Direitos Humanos na contemporaneidade. Diretor-adjunto de Pesquisa e Publicações do Instituto de Direito Administrativo de Sergipe - IDAS. Advogado. 

Patrícia Verônica Nunes Carvalho Sobral de Souza, Universidade Tiradentes

Pós-Doutora em Novas Tecnologias e Direito pela Mediterranea International Centre for Human Rights Research dell Università Mediterranea di Reggio Calabria (Itália). Pós-Doutora em Direito e Doutora em Direito Público pela Universidade Federal da Bahia-UFBA. Doutora em Educação e Mestra em Direito Público pela Universidade Federal de Sergipe UFS. Professora Titular de Graduação e do Programa de Pós-graduação em Direito da Universidade Tiradentes. Líder do Grupo de Pesquisa Direito Público, Educação Jurídica e Direitos Humanos - DPEJDH/UNIT/CNPq.  Servidora efetiva do Tribunal de Contas do Estado de Sergipe.

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Publicado

30-04-2025

Como Citar

ALMEIDA, José Antonio Caldeira de; SOBRAL DE SOUZA, Patrícia Verônica Nunes Carvalho. TECNOLOGIAS DE RECONHECIMENTO FACIAL: O RACISMO ALGORÍTMICO COMO INSTRUMENTO DE POLÍTICA DE SEGURANÇA PÚBLICA. Revista Eletrônica Direito e Política, [S. l.], v. 20, n. 1, p. 202–219, 2025. DOI: 10.14210/rdp.v20n1.p202-209. Disponível em: https://periodicos.univali.br/index.php/rdp/article/view/20639. Acesso em: 5 dez. 2025.

Edição

Seção

Artigos