(IN)DEVIDO PROCESSO: PRECEDENTES E TECNOLOGIA EM UM SISTEMA JUDICIÁRIO SOBRECARREGADO

Autores/as

  • Edilson Vitorelli Professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie e da Universidade Católica de Brasília.
  • Luís Henrique Bortolai Professor de Direito e Coordenador do Núcleo de Prática e Atividades Complementares do Centro Universitário UniMetrocamp

DOI:

https://doi.org/10.14210/nej.v26n1.p375-405

Palabras clave:

Precedentes, Tecnologia, Vieses cognitivos, sobrecarga judicial.

Resumen

Este trabalho pretende analisar os efeitos da introdução de ferramentas tecnológicas e de precedentes obrigatórios em um sistema processual sobrecarregado. Toma-se como ponto de partida o sistema judicial brasileiro, do qual se traça um panorama. Realizam-se estudos quantitativos em três tribunais nacionais, por meio de uma pesquisa empírica amostral e de julgados, averiguando prevalência de teses restritivas de demanda. Analisam-se, qualitativamente três casos que denotam formas, por intermédio das quais os precedentes obrigatórios podem ser utilizados para desestimular a propositura de novas ações. Também se verifica que o discurso judicial fomenta a preocupação com a quantidade de decisões, em detrimento da qualidade. Conclui-se que esses fatores são capazes de induzir vieses cognitivos favoráveis a julgamentos de improcedência, privando os autores de direitos que, em outras circunstâncias, lhes poderiam ser reconhecidos.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Citas

ALMEIDA, W. G. R. de. Direito Processual Metaindividual do Trabalho: a adequada e efetiva tutela jurisdicional dos direitos de dimensão transindividual. Salvador: Editora JusPODIVM, 2016.

ALTMAN, M. (org.). Real-World Decision Making: An Encyclopedia of Behavioral Economics. Santa Barbara: Greenwood, 2015.

BALDI, S. Normative versus Social Constructivist Processes in the Allocation of Citations: A network-analytic model. American Sociological Review. v. 63. p. 829-846. 1998. DOI: https://doi.org/10.2307/2657504

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp 911.802/RS, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/10/2007, DJe 01/09/2008.

BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo; Processo Paradigma: IRDR Nº 0043917-79.2017.8.26.0000; Assunto: DIREITO CIVIL - Obrigações - Espécies de Contratos - Prestação de Serviços; Órgão Julgador: Turma Especial de Direito Privado; NUT: 8.26.1.000020; Relator(a): Desembargador GOMES VARJÃO; Data de Admissão: 25/06/2018; Data de Publicação do Acórdão de Admissibilidade: 12/07/2018; Data de Mérito Julgado: 15/10/2018; Data de Publicação do Acórdão de Mérito: 24/10/2018.

CAPPELLETTI, M.; GARTH, B. Access to Justice: A World Survey. Milano: Giuffrè, Sitjoff and Noordhoff, 1978.

CARROLL, J. S. The Effect of Imagining an Event on Expectations for the Event: An Interpretation in Terms of the Availability Heuristic. Journal of Experimental Social Psychology, v. 14, n. 1, 1978. p. 88-96: DOI: https://doi.org/10.1016/0022-1031(78)90062-8

CHABLO, A. What can artificial intelligence do for Anthropology? Current Anthropology, v. 37, p. 553-555, 1996. DOI: https://doi.org/10.1086/204518

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Justiça em números: 2018. Disponível em http://www.cnj.jus.br/files/conteudo/arquivo/2018/08/44b7368ec6f888b383f6c3de40c32167.pdf. Acesso em: 21 maio 2019.

DIÁRIO INDÚSTRIA E COMÉRCIO. Fux diz que novo CPC elimina formalidades. Disponível em: https://www.diarioinduscom.com/fux-diz-que-novo-cpc-elimina-formalidades/. Acesso em: 11 maio 2019.

DREYFUS, H. L.; DREYFUS, S. E. Mind over machine: The power of human intuition Expertise in the era of the computer. New York, Free Press. 1986. DOI: https://doi.org/10.1109/MEX.1987.4307079

FREITAS, J.. Direito Administrativo e inteligência artificial. Interesse Público - IP, Belo Horizonte, ano 21, n. 114, p. 15 - 29, mar./abr. 2019

FRIEDMAN, M. There’s no such thing as a free lunch. Chicago: Open Court Pub, 1975.

GALANTER, M. Access to justice in a world of expanding social capability, 37 Fordham Urb. L.J. 115, 2010.

GALANTER, M. Why the “haves“ come out ahead: speculations on the limits of legal change. 9 Law & Soc’y Rev., v. 95, 1974-1975. DOI: https://doi.org/10.2307/3053023

GARAPON, A. O guardador de promessas: Justiça e Democracia. Lisboa: Instituto Piaget, 1996.

INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA - IPEA. Custo Unitário do Processo de Execução Fiscal na Justiça Federal. Brasília: IPEA, 2012.

KAHNEMAN, D.; SLOVIC, P. (org.). Judgment under uncertainty: heuristics and biases. Cambridge: Cambridge University Press, 1982; DOI: https://doi.org/10.1017/CBO9780511809477

KUZNIETZ, G. Inteligência artificial no Direito chegou para ficar. Disponível em: https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/coluna-do-demarest/intelige ncia-artificial-no-direito-chegou-para-ficar-05122018. Acesso em: 13 maio 2019.

MAIA FILHO, M. S.; JUNQUILHO, T. A. Projeto Victor: perspectivas de aplicação da inteligência artificial ao direito. Revista de Direitos e Garantias Fundamentais, Vitória, v. 19, n. 3, p. 219-238, set./dez. 2018. DOI: https://doi.org/10.18759/rdgf.v19i3.1587

MARINONI, L. G. Aproximação crítica entre as jurisdições de civil law e de common law e a necessidade de respeito aos precedentes no Brasil. Revista da Faculdade de Direito - UFPR., Curitiba, n.49, p. 11-58, 2009. DOI: https://doi.org/10.5380/rfdufpr.v49i0.17031

MIESSA, É. Nova realidade: teoria dos precedentes e sua incidência no processo do trabalho. Revista eletrônica [do] Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, Curitiba, PR, v. 5, n. 49, p. 9-57, abr. 2016.

NISBET, R. E.; ROSS, L. Human inference: strategies and shortcomings of social judgment. Englewood Cliffs, NJ: Prentice-Hall, 1980.

PERELMAN, C.. Ética e direito. Tradução de Maria Ermantina de Almeida Prado Galvão, 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

POHL, R. F. Cognitive Illusions: A Handbook on Fallacies and Biases in Thinking, Judgement and Memory, Hove: Psychology Press, 2004.

POUNDSTONE, W. Priceless: The myth of fair value.New York: Hill and Wang, 2010.

RHODE, Deborah. Access to Justice. London: Oxford University Press, 2004.

ROUSSEY, L.; SOUBEYRAN, R.. Overburdened Judges. International Review of Law and Economics, v. 55, September 2018. p.21-32. DOI: https://doi.org/10.1016/j.irle.2018.02.003

ROSENBERG, D.. Mass tort class actions: What defendants have and plaintiffs don't. Harvard Journal on legislation, v. 37, p. 393-431, 2000.

SATHE, S.P. Judicial Activism in India: Transgressing borders and enforcing limits. Delhi: Oxford University Press, 2007.

SHAPIRO, M. M.; SWEET, A. S.. On Law, Politics, & Judicialization. Oxford; New York: Oxford University Press, 2002. DOI: https://doi.org/10.1093/0199256489.001.0001

SRULL, T.; WYER, R.. The role of category accessibility in the interpretation of information about persons: Some determinants and implications. Journal of Personality and Social Psychology, v. 37, n. 10, 1979. p. 1660–1672. DOI: https://doi.org/10.1037/0022-3514.37.10.1660

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Banco de teses do Superior Tribunal de Justiça. Disponível em: https://scon.stj.jus.br/SCON/jt/. Acesso em: 20 ago. 2020.

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Tema 939, Disponível em: http://www.stj.jus.br/repetitivos/temas_repetitivos/pesquisa.jsp?novaConsulta=true&tipo_pesquisa=T&sg_classe=REsp&num_processo_classe=1551951. Acesso em: 20 ago. 2020.

TATE, C. N.; VALLINDER, T.. The global expansion of judicial power. New York: New York University Press, 1995

TVERSKY, A.; KAHNEMAN, D.. Availability: A heuristic for judging frequency and probabilityCognitive Psychology, v. 2, n. 5, 1973. p. 207–232. DOI: https://doi.org/10.1016/0010-0285(73)90033-9

TVERSKY, A.; KAHNEMAN, D.. Extensional versus intuitive reasoning: The conjunction fallacy in probability judgment. Psychological Review, v. 90, n. 4, 1983. p. 293–315. DOI: https://doi.org/10.1037/0033-295X.90.4.293

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE GOIÁS. Núcleo de Gerenciamento de Precedentes. Disponível em: https://www.tjgo.jus.br/index.php/nucleo-de-gerenciamento-de-precedentes-nugep/recursos-repetitivos. Acesso em: 20 ago. 2020.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO GRANDE DO SUL. Núcleo de Gerenciamento de Precedentes. Disponível em: https://www.tjrs.jus.br/novo/institucional/2o-grau/nugep/. Acesso em 20 de agosto de 2020.

VIANNA, L. W. A Judicialização da Política e das Relações Sociais no Brasil. Rio de Janeiro: Revan, 1999.

VILHENA, O. V.. Supremocracia. Revista Direito GV, São Paulo, n. 4, p. 441-464, jul./dez. 2008. DOI: https://doi.org/10.1590/S1808-24322008000200005

VITORELLI, E.. Acordo coletivo dos planos econômicos e por que ele não deveria ser homologado. Disponível em: https://www.jota.info/paywall?redirect_to=//www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/acordo-coletivo-dos-planos-economicos-e-por-que-ele-nao-deveria-ser-homologado-15012018. Acesso em: 21 maio 2019.

VITORELLI, E.. O devido processo legal coletivo: dos direitos aos litígios coletivos. São Paulo: RT, 2016.

VITORELLI, E.. Collective due process of law: Reconciling representation and participation. In: Cadiet, L.; Hess, B.; Requejo Isidro, M.. (org.). Approaches to Procedural Law The Pluralism of Methods. 1ed.Baden-Baden, Germany: Nomos, 2017. v. 1, p. 345-391. DOI: https://doi.org/10.5771/9783845285122-343

ZAMIR, E.; TEICHMAN D. Behavioral law and economics. London: Oxford University Press, 2018. DOI: https://doi.org/10.1093/oso/9780190901349.001.0001

ZIMMERMAN, G. Como advogar no século XXI. Disponível em: http://www.lex-net.com/new/como-advogar-no-seculo-xxi/. Acesso em: 11 maio 2019.

ZUCKERMAN, Adrian (org.). Civil Justice in Crisis. London: Oxford University Press, 2000.

Publicado

2021-05-24

Cómo citar

VITORELLI, E.; BORTOLAI, L. H. (IN)DEVIDO PROCESSO: PRECEDENTES E TECNOLOGIA EM UM SISTEMA JUDICIÁRIO SOBRECARREGADO. Novos Estudos Jurí­dicos, Itajaí­ (SC), v. 26, n. 1, p. 375–405, 2021. DOI: 10.14210/nej.v26n1.p375-405. Disponível em: https://periodicos.univali.br/index.php/nej/article/view/17590. Acesso em: 3 jul. 2024.

Número

Sección

Artigos