A INDIGNIDADE DOS REFUGIADOS NO BRASIL: O TRABALHO ESCRAVO, O SUBEMPREGO E A INFORMALIDADE
DOI:
https://doi.org/10.14210/rdp.v15n1.p398-425Palavras-chave:
dignidade, Informalidade, Refugiados, Subemprego, trabalho escravoResumo
Este artigo analisa as formas de trabalho indigno a que são submetidos muitos refugiados no Brasil. Amparado nas discussões sobre o direito ao trabalho de refugiados, à luz do princípio da dignidade da pessoa humana, realiza-se pesquisa teórica, utilizando-se do método dedutivo, e traça-se um paralelo entre essas formas de exploração e a dignidade dos trabalhadores refugiados. O Código Penal brasileiro e a portaria MTB 1.293/2017, assim como os relatos de refugiados, são subsídios para as análises das ocorrências do trabalho análogo à escravidão no Brasil. As análises recaem sobre os elementos configuradores do subemprego de refugiados e sobre a informalidade como forma de trabalho que priva esses trabalhadores de trabalhistas e previdenciários. Os resultados mostram que o principal problema atualmente é o trabalho estranho à capacidade ou à profissão, pois esse grupo é diretamente atingido pelas dificuldades inerentes à revalidação de títulos aplicada hoje no Brasil. Conclui-se, nesse percurso, que as formas de exploração violam a dignidade dos refugiados e retardam a ascensão social e a integração desse grupo na sociedade.
PALAVRAS-CHAVE: dignidade. Informalidade. Refugiados. Subemprego. trabalho escravo.
Downloads
Referências
ACNUR - Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. Global Trends. Forced dispalcement in 2018. UNHCR, 2013, online. Disponível em: https://www.unhcr.org/5d08d7ee7.pdf. Acesso em: 12 jun. 2019.
ACNUR - Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. Perfil socioeconômico dos refugiados no Brasil. Subsídios para elaboração de políticas. Resumo Executivo. Disponível em: https://www.acnur.org/portugues/wp-content/uploads/2019/05/Resumo-Executivo-Versão-Online.pdf. Acesso em: 2 jun. 2019. p. 5.
ALVÃO, L. C. O trabalho escravo de madeireiros na Amazônia e as violações aos direitos da personalidade no meio ambiente de trabalho: uma análise crítica às políticas adotadas pelo estado brasileiro quanto ao combate desta prática. 2019. 134 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Jurídicas), UNICESUMAR, Maringá, 2019.
ARAÚJO, Washington. O desafio de ser refugiado. In: MILESI, Rosita (Org.). Refugiados: realidade e perspectivas. São Paulo: Loyola,2003.
ARENDT, Hannah. A Condição Humana. Tradução de Roberto Raposo. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2005.
BARROSO, Luís Roberto. O direito constitucional e a efetividade de suas normas. Rio de Janeiro: Renovar, 2000. p. 296
BRASIL, Senado Federal do. Constituição da república federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, Centro Gráfico, 1988.
BOECHAT, Y. A exploração dos trabalhadores venezuelanos em Roraima. DW made for minds, 2018, online. Disponível em: https://www.dw.com/pt-br/a-exploração-dos-trabalhadores-venezuelanos-em-roraima/a-45284173. Acesso em: 17 jun. 2019.
CARNEIR, J.; SOUZA, F.; TEIXEIRA, F. Fugindo da guerra, congoleses enfrentam violência, racismo e desemprego para recomeçar no Brasil. BBC Brasil, 2018, online. Disponível em: https://www.terra.com.br/noticias/mundo/africa/fugindo-da-guerra-congoleses-enfrentam-violencia-racismo-e-desemprego-para-recomecar-no-brasil,a22c89f0c95d454a498763d522584616iim9hq4s.html. Acesso em: 17 jun. 2019.
CASTILHO, Ela Wiecko V. de. Considerações sobre a interpretação jurídico-penal em matéria de escravidão. Estudos avançados, v. 14, n. 38, p. 51-65, 2000. p. 57.
DEMO, Pedro. Elementos para Estudo do Subemprego. Síntese: Revista de Filosofia, v. 4, n. 10, 2013. p. 100-101.
DWORKIN, Ronald. El dominio de la vida: una discusión acerca del aborto, la eutanasia y la libertad individual. Ariel, 1998.
MAGALHÃES, L. F.; MACIEL, L. 35% dos resgatads em ações de combate ao trabalho escravo são imigrantes. Demografia Unicamp, 2017, online. Disponível em: https://demografiaunicamp.wordpress.com/2017/03/29/35-dos-resgatados-em-acoes-de-combate-ao-trabalho-escravo-sao-imigrantes/. Acesso em: 17 jun. 2019.
MAGALHÃES, A. Medo, fome, noites ao relento e trabalho escravo: a travessia dos venezuelanos na fronteira norte do Brasil. Reporter Brasil, 2018, online. Disponível em: https://reporterbrasil.org.br/2018/05/medo-fome-noites-ao-relento-e-trabalho-escravo-a-travessia-dos-venezuelanos-na-fronteira-norte-do-brasil/. Acesso em: 17 jun. 2019.
MIRAGLIA, Lívia Mendes Moreira. Trabalho escravo contemporâneo: conceituação à luz do princípio da dignidade da pessoa humana. LTr 75, 2011.
MORAES, M. C. B. O Conceito de Dignidade Humana: Substrato Axiológico e Conteúdo Normativo. In: I. W. Sarlet (Org.). Constituição, Direitos Fundamentais e Direito Privado. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003.
NICHELE, B.; COSTA, D. M.; PRÉVE, A. D. Aspectos do reconhecimento de diplomas estrangeiros: um estudo na universidade federal de Santa Catarina. Colóqui Internacional sobre Gestão Universitária na América do Sul, 9., 2009, Florianópolis. Anais [...]. Florianópolis, 2009. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/36929/Aspectos%20do%20reconhecimento%20de%20diplomas%20estrangeiros%20Um%20estudo%20na%20universidade%20federal%20de%20Santa%20Ca.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 5 abr. 2019.
OLIVEIRA, Pedro A. Ribeiro. Fé e Política: fundamentos. São Paulo: Idéias e Letras, 2005.
PAMPLONA, J. B. Mercado de trabalho, informalidade e comércio ambulante em São Paulo. R. bras. Est. Pop., Rio de Janeiro, v. 30, n. 1, p. 225-249, jan./jun. 2013.
SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamentais. In: LEITE, George Salomão (Org.). Dos Princípios Constitucionais - Considerações em torno das normas principiológicas da Constituição. São Paulo: Malheiros, 2003.
SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamentais na Constituição Federal de 1988. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2011, p. 60.
SARMENTO, Daniel. A ponderação de interesses na Constituição. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2000. p. 71.
SAWAIA, Bader. As artimanhas da exclusão: análise psicossocial e ética da desigualdade social. Editora Vozes Limitada, 2017.
SILVA, S. P. Informalidade: "o que é e o que não pode ser que não é". Ipea, online. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/radar/180209_radar_55_cap05.pdf. Acesso em: 17 jun. 2019.
VIEIRA, I. http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2015-09/refugiados-no-brasil-sirios-tem-dificuldade-de-encontrar-empregos-e. Agência Brasil, 2015, online. Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2015-09/refugiados-no-brasil-sirios-tem-dificuldade-de-encontrar-empregos-e. Acesso em: 17 jun. 2019.
WANDERLEY, M. B. Refletindo sobre a noção de exclusão. In: SAWAIA, B. et al. As artimanhas da exclusão. Análise psicossocial e ética da desigualdade social. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2001.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Na qualidade de autor(es) da colaboração, original e inédita, sobre o qual me(nos) responsabilizo(amos) civil e penalmente pelo seu conteúdo, após ter lido as diretrizes para autores, concordado(amos) com o Regulamento da Revista Eletrônica Direito e Política e autorizo(amos) a publicação na rede mundial de computadores (Internet), permitindo, também, que sua linguagem possa ser reformulada, caso seja necessário, sem que me(nos) seja devido qualquer pagamento a título de direitos autorais, podendo qualquer interessado acessá-lo e/ou reproduzi-lo mediante download, desde que obedeçam os Direitos Autorais.